A Encenadora




- PERFIL -


Nome: Liliana Leite

Idade: 35 anos


Profissão: Professora de Artes Plásticas e Design | Professora de Ballet Clássico, Pilatos e Contemporânea.


Licenciatura(s): Design de Equipamentos | Associate Diploma of Imperial Society of Teachers of Dancing 


Naturalidade: São João da Madeira


Experiência em tratro: Tal como o teatro, também a dança pressupõe interpretação e dramatização. Liliana Leite já participou e elaborou vários espectáculos de dança.




A Autora



- PERFIL -


Nome: Ana Braga

Idade: 36 anos


Profissão: Professora de Educação Especial


Licenciatura: C.E.S.E. - Curso de Ensino Superior Especializado


Naturalidade: Moçambique


Obra(s) preferida(s) de Eça de Queirós: Frei Genebro


Experiência em teatro: Escreve peças infantis para os Espadanitos (grupo do qual é co-fundadora).

Asas...


 ... é uma metáfora que, como refere a autora Ana Braga, pretende “retratar o Homem no Mundo” e reflectir sobre “a visão e interacção da sua existência”. Este texto dramático conta uma história de fantasia que relaciona uma Anciã, dois Mensageiros e cinco Gaivotas, todos em busca de uma resposta para o mistério e enigma da Existência, ou seja, da Verdade.
 Cada personagem é única e simboliza um conceito, uma ideia. Em conjunto, reprentam o “Olhar” e o Homem, que se restringe ou abrange dependendo da situação e do momento em que “olha”. Como afirma a autora, representam um “Olhar sempre particular, sempre relativo”. 
 O texto “Asas…” foi-se modificando desde que foi escrito pela primeira vez, há quatro anos. Uma dessas mudanças foi precisamente a adaptação ao tema do Segundo Festival de Teatro de São João da Madeira. Para isto, a autora incluiu uma nova gaivota à história original. Asa-Grande é Frei Genebro, personagem de uma obra com o mesmo nome e cujo autor é Eça de Queirós.

Uma Anciã, dois Mensageiros e cinco Gaivotas

O Homem é um ser complexo e, por isso, é personificado, na peça "Asas...", tanto pela Anciã, que representa a “consciência” e a “sabedoria”; pelos Mensageiros, que simbolizam “a inquietação para atingir a Sabedoria”; e pelas Gaivotas, cada uma representando uma fase, um comportamento, que os homens têm perante a vida:

> A Gaivota Pena-Leve “não tem vontade própria, deixa-se levar pelo Vento”;

> A Gaivota Bico-Forte vive em confronto com a Gaivota Pena-Leve, pois, ao contrário desta, “luta contra o vento” e “contra tudo o que o rodeia”;

> A Gaivota Asa-Cinzenta distancia-se da Pena-Leve e do Bico-Forte pois já atingiu uma “relativa maturidade” – sendo esta representada pelas penas cinzentas;

> A Gaivota Asas-sem-vento “plana no vazio pois está fechada em si própria”, “absorta” na sua própria realidade e nos seus pensamentos;

> A Gaivota Asa-Grande “quase atingiu a perfeição mas também acaba por cometer erros, intrínsecos à fragilidade da sua condição humana”;

O Vento, que simboliza a Vida, interage com as Gaivotas, modificando os seus rumos.

Omnipresente na acção, a Anciã, num movimento que não tem fim e que simboliza a fragilidade e a dimensão do “conhecimento”, faz e desfaz uma renda, que nunca se conclui definitivamente, nem nunca se desfaz por completo.

O Texto e a Peça

 A peça “Asas…” é uma adaptação de um texto dramático homólogo, escrito por Ana Braga. Desta forma, existem algumas diferenças, entre elas a posição de uma personagem: no texto, podemos encontrar Frei Genebro como uma Gaivota – Asa-Grande; na peça, é contada a história do mesmo, mas num contexto distanciado das Gaivotas,  ainda que estejam também presentes a Anciã e o Vento, que simbolizam, respectivamente, o “conhecimento” e a “vida”. Ou seja, embora interligadas pelos elementos já referidos, é possível delimitar duas histórias dentro da peça "Asas...".

 Toda a peça foi coreografada por Liliana Leite e interpretada por actores de diferentes gerações, que dançaram, alguns pela primeira vez, de forma a levar à cena algo com um registo muito diferente das restantes peças. Alguns destes actores pisaram o palco do Segundo Festival de Teatro mais do que uma vez, na peça "Eça... Cantora Careca", do grupo TEPAS.

Simbologia Cénica

 “As luzes do candelabro, que a mesma [a anciã] transporta, representam as ideias que o próprio pensamento cria e que dão sentido à realidade. A Anciã, através da sua narrativa, linguagem discursiva, organiza e transmite os seus pensamentos. O espelho, no qual nos podemos rever, representa a Consciência e a responsabilização… A Anciã, tal como as Gaivotas, em relação à sua estrutura biológica e plano conjuntural, está limitada pelo pensamento (também materializado na abertura demarcada pela porta da parede da casa), olhar condicionado pelo espaço-casa em que vive e pelo banco em que está sentada, os quais representam as condições que a rodeiam e que contribuem para a limitação da sua visão sobre as coisas…”

Ana Braga

> Os ensaios, aqui.